É comum dizer-se que “os olhos são o espelho da alma”. Podem não ser da alma, mas do organismo são de certeza e é por isso que no âmbito do Dia Mundial da Visão, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) organiza a primeira Semana da Visão em Portugal onde, de 8 a 15 de outubro, irá promover uma série de iniciativas que alertam para os problemas visuais dos portugueses. O principal objetivo é sensibilizar a população para as causas de cegueira que é possível prevenir, incentivando esta prevenção. De acordo com Maria João Quadrado, presidente da SPO, “as pessoas preocupam-se cada vez mais com um estilo de vida saudável, mas muitas esquecem ou desconhecem a necessidade de cuidar da saúde dos seus olhos. A grande maioria das deficiências visuais podem ser evitadas ou tratadas, sendo que as principais, como a miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia, podem ser corrigidos com óculos, lentes de contacto ou cirurgia refrativa. Outros problemas como a catarata, a degenerescência macular da idade, a retinopatia diabética e o glaucoma podem levar a perda da visão quando não detetados atempadamente”, refere.
Com a especialista a defender que “as crianças devem ser observadas aos três anos, de forma a detetar defeitos que passam despercebidos aos pais”, os cuidados com a visão devem manter-se ao longo da vida. “Aos 40-50 anos, quando surge a presbiopia, deve consultar-se um oftalmologista e iniciar o despiste de glaucoma. Em idades mais avançadas é obrigatória a observação anual para despiste de catarata, glaucoma e degenerescência macular da idade. O envelhecimento da população significa que o risco de desenvolver deficiência visual relacionada com a idade é cada vez maior, pois cerca de 65 por cento das pessoas com deficiência visual têm 50 anos ou mais e em Portugal temos vindo a assistir a um aumento de casos de baixa visão por degenerescência macular da idade e retinopatia diabética. Nestas situações é obrigatório o exame oftalmológico anual”, defende a oftalmologista.
Mulheres têm mais “olho seco”
Entre as várias doenças oculares, a mais comum é a síndrome do “olho seco” que se manifesta em três mulheres para cada homem, segundo os dados da Organização Mundial da Saúde. De acordo com os oftalmologistas, os três fatores que mais contribuem para a maior incidência deste problema no sexo feminino, são o contacto da mucosa ocular com os cosméticos, as variações das hormonas sexuais e o uso prolongado da pílula anticoncecional. No entanto, isso não significa que este método contracetivo ou os tratamentos estéticos devam ser abandonados, pois a recomendação é consultar um especialista sempre que sentir algum desconforto ocular, como comichão olhos vermelhos e irritados, lacrimejar excessivo, sensibilidade à luz, desconforto após ver televisão, ler ou trabalhar em computador. No entanto, tratar este problema pode ser bastante simples dependendo do estágio da doença, mas muitas pessoas só procuram o médico quando os olhos já têm danos irreversíveis e as complicações podem ir desde uma conjuntivite até alterações graves na córnea.
Participe no rastreio
Como forma de alertar os portugueses para os problemas de visão, serão efetuados rastreios ao público, acompanhados pela divulgação de vários folhetos informativos, sobre algumas das patologias cujo tratamento pode fazer alterar o percurso para a perda ocular. Durante estas ações, as estátuas que existem nas praças onde irão realizar-se os rastreios, estarão vendadas, simbolizando o combate à cegueira promovido durante a Semana da Visão.
Tratamento inovador
Cirurgiões em Londres realizaram uma operação pioneira para testar um novo tratamento de um tipo de cegueira usando células estaminais. A “cobaia” foi uma mulher de 60 anos, portadora de degeneração macular, uma doença ocular degenerativa, principal causa de perda de visão nos países desenvolvidos. A técnica envolve o uso de uma espécie de “remendo”, feito com células oculares provenientes de doações, implantado na parte posterior da retina. A mulher que se submeteu à cirurgia não quis ser identificada e segundo o coordenador do projeto, o remendo de células parece estável. “Não poderemos saber antes do Natal se a visão está boa e por quanto tempo pode ser mantida”, explicou.
Sabia que...