sexta-feira, 3 de maio de 2013

Os remédios da avó... ao microscópio

Sabemos que nem sempre é seguro usar mezinhas caseiras. A boa notícia é que a ciência confirma que algumas funcionam mesmo.

Urtigas para as articulações
Antigamente usava-se a urtiga para tratar dores musculares e articulares. Como? Pondo a própria folha sobre a zona do corpo afetada.
E funciona? À partida parece que esfregar urtigas nas pernas é o pior que alguém se poderia lembrar de fazer tendo em conta que são bem conhecidas por deixarem aflitos de comichão os incautos que nelas se rocem no campo. Apesar disso, investigadores britânicos da Universidade de Plymouth conseguiram arranjar cobaias para esta pesquisa e concluíram que a rigidez associada ao reumatismo era significativamente diminuída com esta fricção. Parece que em áreas sem dor os químicos da urtiga provocam dor intensa, mas em áreas doridas, têm o efeito inverso. Os investigadores creem que isto acontece por bloqueio dos mecanismos que transmitem os sinais de dor. A boa notícia é que tomar comprimidos ou chá de urtigas também pode ajudar.
Alho para tratar verrugas
As verrugas resultam da presença de uma forma benigna do papilomavírus humano (HPV) na pele. São relativamente comuns e pouco perigosas, apesar de contagiosas. Geralmente desaparecem espontaneamente ao fim de um ou dois anos mas tendo em conta que são bastante feias, é legítimo querermos ver-nos livres delas mais cedo. A via médica consiste na sua eliminação através de cirurgia, laser, crioterapia ou outros métodos, mas há um remédio natural antigo que consiste em esfregar as verrugas com alho cru duas ou três vezes por dia. Em duas semanas, sensivelmente, as verrugas diminuem visivelmente.
E funciona? As virtudes antibacterianas e antivirais do alho são conhecidas. O alho produz um fitoquímico chamado alicina, poderoso antioxidante com capacidade de inibir a ação de alguns vírus como parece ser o caso do HPV associado às verrugas, e há, pelo menos, um estudo, publicado no International Journal of Dermatology, em 2005, a mencionar a eficácia do extrato de alho lipossolúvel sobre as verrugas. No entanto, esta mezinha requer alguns cuidados: convém certificar-se de que o alho cru não contacta a pele em redor da verruga pois há risco de irritação. O ideal é proteger a pele em redor da verruga com um penso ou cobri-la com vaselina.
Tomar bicarbonato de sódio para a azia
Antes de aparecerem os antiácidos em comprimidos, as nossas avós usavam o bicarbonato de sódio para combater a azia. Uma colher de café num copo de água era o antiácido caseiro de antigamente.
E funciona? Sim, não é por acaso que alguns antiácidos contêm bicarbonato de sódio na composição. O Ph neutro (próximo de 7) do bicarbonato ajuda a combater a acidez gástrica que está na origem da azia. O Dr. Oz confirma e recomenda o bicarbonato de sódio para o refluxo gástrico graças à sua capacidade de neutralizar os ácidos do estômago. Precaução: por ter alto teor de sódio o bicarbonato é contraindicado em quem sofra de hipertensão. E deve ser usado com parcimónia, já que em excesso poderá acabar por afetar o equilíbrio ácido básico do sangue, lembra o Dr. Oz.
 Emplastro de couve para tratar entorses
Para ajudar a tratar a inflamação decorrente de entorses e contusões aplica-se normalmente gelo de imediato, mas há uma mezinha antiga que consiste em aplicar, durante a noite, uma cataplasma de folhas de couve. Ana versão mais antiga passam-se as folhas com o ferro de engomar (protegido por um pano fino) ou amolecem-se ao vapor, uma forma de facilitar a libertação das suas propriedades sobre a pele. Aplica-se em contusões, cortes e feridas e também nas dores da artrite.
E funciona? Apesar de não haver estudos específicos sobre as cataplasmas de couve, sabe-se que este vegetal, como outras crucíferas, além de muito rico em vitamina C e outros minerais, produz compostos derivados do enxofre, como o sulfurafano, um fitoquímico que tem sido alvo de dezenas de pesquisas pelas suas propriedades regenerativas, anti-inflamatórias e anticancerígenas.  
Cataplasma de argila verde para a garganta
É antigo o uso da argila verde como tratamento natural, sobretudo devido à sua grande capacidade de absorção de toxinas. Para a dor de garganta aplica-se sobre a pele uma camada grossa de uma pasta de partes iguais de argila verde e água, deixando ficar durante a noite e repetindo as vezes necessárias. Durante o dia toma-se oralmente, uma colher de café de argila diluída num pouco de água ou, mais recentemente, em forma de cápsulas, (encontram-se em lojas de produtos naturais). O mesmo procedimento vale para as dores musculares e articulares.
E funciona?  A crer em várias pesquisas, a argila tem grandes capacidades de absorção de toxinas. Algumas variedades têm ainda propriedades antibacterianas assinaláveis. Um estudo publicado em 2008 na revista ‘Clays and Clay Minerals’, por exemplo, refere as propriedades terapêuticas da argila verde francesa, aplicada sobre o abdómen, na úlcera de Buruli, um tipo de úlcera causada por uma bactéria que provoca a necrose dos tecidos. Outro estudo, publicado no ‘Journal of Animal Science’, em 2011, verificou que a ingestão de argila tinha um efeito positivo em porcos infetados com a bactéria E. Coli. 
Canja de galinha para a constipação
À partida dir-se-ia que este era daqueles casos em que conta mais o conforto dado pela atenção de quem nos faz a canja, do que propriamente as propriedades deste caldo gorduroso com carne e massa ou arroz. Mas a verdade é que a tradição popular da canja de galinha para ajudar na convalescença de gripes e constipações se mantém.
E funciona? Parece que sim. Num estudo feito na clínica Monte Sinai, em Miami, em 2000, compararam-se os efeitos da canja, água quente e água fria sobre a constipação. Veredicto: a canja tinha um efeito descongestionante muito superior no que toca a dar cabo do muco nasal. A canja parece ter também a capacidade de conseguir abrandar a atividade de alguns glóbulos brancos que são os responsáveis pelos sintomas da constipação. Pelo menos foi o que sugeriu outro estudo feito pela Universidade do Nebraska. Apesar de serem ainda pouco conclusivos, parece inegável que, no mínimo, a canja ajuda a hidratar o organismo e fornece proteínas que ajudam o corpo a restabelecer-se.
Sabia que... a canja de galinha é conhecida como ‘a penicilina dos judeus’, porque já no século XII, o filósofo, médico judeu Maimónidas a prescrevia para a asma, alergias, gripes e constipações.



Fonte: Revista Activa

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