terça-feira, 28 de julho de 2015

Apicultor cria combustível a partir de mel

Numa experiência inédita no Brasil, um apicultor desenvolveu o combustível etanol do próprio carro a partir do mel de abelha, antes descartado durante o processo de controlo de qualidade do produto.

A descoberta do apicultor Luiz Jordans Ramalho Alves é o desdobramento de uma pesquisa que tinha por finalidade o melhor aproveitamento do mel de descarte para produção de álcool alimentar (ou nobre), usado para fazer cachaça ou aguardente de mel.
Segundo o apicultor, das 10 toneladas de mel que produz por mês, entre 50 e 100 quilos acabam por ser descartados. Só que ao invés de desperdiça-los, Alves foi acumulando o produto no seu entreposto de mel, localizado em Barra do Choça, município vizinho a Vitória da Conquista.
É no próprio entreposto que ele realiza todo o processo químico, num pequeno laboratório. Primeiro, o mel descartado entra em fermentação num tanque de 250 litros, que pode durar de cinco a 15 dias. Após isso, ocorre a primeira destilação do álcool, por um período de 24 horas. Dessa primeira destilação é retirado o álcool alimentar e a sobra (30%) vai para a produção do álcool combustível, numa segunda destilação.

A pesquisa, financiada pela Fapesb (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia), teve início em 2012 e o final da vigência em Dezembro de 2014.
Mas a descoberta do álcool combustível, contudo, só ocorreu há cerca de um mês. É que as pesquisas ainda não tinham indicado o que fazer com os 30% de álcool que sobrava no final da primeira destilação.
Insistente no desejo de aproveitar 100% de todo o descarte do mel, o apicultor avançou nas pesquisas por conta própria e com o auxílio de um laboratório de Salvador avaliou que o produto tinha características semelhantes ao etanol utilizado no funcionamento de veículos.
«Foi quando tive a ideia de usar o álcool no meu carro e funcionou», conta Luis Jordans, revelando em seguida que o produto não passou por teste mecânico em laboratório: «Foi um teste empírico que fiz no meu carro.»
O combustível de mel, segundo Luis Jordans, possui uma graduação alcoólica de cerca de 80%. Pelas normas da ANP (Agência Nacional de Petróleo), o etanol utilizado em veículos deve ter entre 92,5% e 94,7% de álcool.
«O desempenho do carro diminui um pouco, mas dá para andar», relatou o apicultor. A produção de combustível de mel está em 50 litros por semana.
O próximo passo agora é patentear o uso do combustível de mel em veículos, já que as pesquisas sobre este tipo de etanol no país ainda não tinham avançado neste sentido.Fonte:http://diariodigital.sapo.pt/n

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