Cresceu a ouvir os sermões da mãe por estragar os sapatos de tanto chutar as pelotas de trapos nas ruas do País Basco. E teve de enfrentar a resistência do pai quando quis entrar num clube. Telmo Zarra não lhes deu ouvidos e, de 1940 a 1955, ao serviço do Atlético de Bilbau, tornou-se o melhor marcador da história da Liga espanhola: com bolas forradas a couro e chuteiras rudimentares, apontou 251 golos em 278 jogos.
Quase 60 anos depois, já com bolas testadas pela NASA e chuteiras fabricadas à medida do pé de cada jogador, o argentino Lionel Messi, chegado com 14 anos ao futebol europeu incentivado pelo pai, superou o recorde de Zarra. Os três golos marcados na goleada do Barcelona ao Sevilha (5-1), no último sábado, elevaram a sua conta pessoal para os 253.
O facto de ter precisado de mais jogos do que o basco para atingir essa fasquia leva a filha de Zarra a contestar o novo recorde. “É um grande jogador, mas participou em mais 11 jogos. Supera o número de golos, mas penso que não é correcto dizer que bateu o recorde”, defende Carmen Zarra, em declarações à rádio Cadena COPE.
O total de golos e jogos de Zarra não é consensual e nos últimos dias surgiram versões contraditórias que nem o Atlético de Bilbau consegue esclarecer. Até porque nas décadas de 40 e 50 os jogadores ainda nem sequer eram identificados através de números nas camisolas.
De Chipre para a história
Messi cada vez mais vive de recordes e respira por golos. Quatro dias depois de bater a marca de Zarra na Liga espanhola, o avançado argentino alargou fronteiras. Em Nicósia, na terça-feira, festejou mais três remates certeiros na vitória do Barça frente ao APOEL (4-0) e tornou-se o maior goleador de sempre da Liga dos Campeões.
Para trás ficou Raúl González, o mítico camisola ‘7’ do Real Madrid que amealhou 71 golos em 142 jogos. O ‘10’ do Barcelona chegou aos 74 com menos 51 encontros nas pernas.
Desde que ouviu pela primeira vez o hino da Champions, frente ao Panathinaikos, a 2 de Novembro de 2005, Messi construiu um registo notável: 0,81 golos por partida. Uma média superior à de Cristiano Ronaldo (0,65) e bem acima da registada por Raúl, que com as camisolas do Real e do Schalke 04 encerrou a sua tournée europeia com 0,5 golos por jogo.
““Fico feliz por superar o recorde de golos na Champions de um jogador fenomenal como o Raúl”, comentou o argentino nas redes sociais.
Ao ritmo de hat-tricks
Aos 27 anos, o palmarés de Messi já está ao nível das grandes lendas do futebol: seis campeonatos de Espanha, três Champions, duas Supertaças Europeias e quatro Bolas de Ouro. Ainda assim, La Pulga não se cansa de pulverizar recordes históricos e destronar ilustres futebolistas à base de golos.
Na última semana, Messi fez cair mais dois através de hat-tricks, o que não é inédito. Já na época de 2011/12, quando abanou as redes da baliza do Granada por três vezes, tornou-se o melhor marcador de sempre dos catalães, ultrapassando os 232 golos de César Álvarez, referência do clube nos anos 40 e 50. E, dois anos mais tarde, mais uma vez à lei do hat-trick, ajudou o Barcelona a vencer os rivais do Real Madrid no Bernabéu (4-3) e consagrou-se como o melhor marcador da história do clássico espanhol: superou então os 18 golos de Di Stéfano, o compatriota que brilhou com a camisola merengue nas décadas de 50 e 60, mas entretanto a contagem já vai em 21 tiros certeiros. É provável que não fique por aqui.
Fonte:http://www.sol.pt/n
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