Nesta quadra festiva, na TV passam vários filmes animados com a assinatura da gigante da animação infantil a Disney, saiba algumas curiosidades deste gigante....
• Charles Perraut era uma figura literária menor na França do século 18. Em 1967 ele publicou Contes de la Mère l´Oie (Contos da Mamãe Ganso), que representava diversos contos populares como “A Bela Adormecida”, “Chapeuzinho Vermelho” e “Cinderela”. Na história original, o sapatinho de vidro estava cheio de sangue dos dedos e joanetes decepados das irmãs malvadas, e o rei eventualmente sentenciou a madrasta e suas filhas a dançarem até a morte, usando botas de ferro ferventes (uma forma de tortura popular na Idade Média).
• Existem cerca de 3000 versões do mito de Cinderela. Quase toda cultura ao redor do mundo tem uma: ela é conhecida como “Ye Shen” na China, “Tattercoats” na Inglaterra, e “Mareouckla” para os eslavos.
• A história de Cinderela é um dos contos-de-fada mais antigos do mundo: versões diferentes aparecem ao redor do mundo, da Ásia às culturas Nativo Americanas. Quando os escritores da Disney se aproximaram dessa adorada história, eles mantiveram seus temas atemporais: uma jovem garota vestida em andrajos e forçada a trabalhar de servente por sua malvada madrasta; um baile; um príncipe encantado; uma fada madrinha. Eles então adicionaram ratos, pássaros e outros animais, cujas aventuras divertidas são incorporadas com talento à história principal. O resultado foi um dos maiores sucessos do estúdio.
• CINDERELA foi o primeiro filme Disney de seu tipo desde BAMBI (1942). Devido aos problemas financeiros relacionados à crise durante a Segunda Guerra, Walt se viu obrigado a produzir longas-metragens de forma mais rápida e económica. Assim, filmes elaborados com apenas uma narrativa como BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES (1937) e PINÓQUIO (1940) deram lugar a filmes de natureza fragmentada, ou seja, diversos curtas unidos formando um longa-metragem. Deste período saíram filmes como MÚSICA, MAESTRO! (1946), COMO É BOM SE DIVERTIR (1947) e TEMPO DE MELODIA (1948). Embora esses filmes não alcançassem o mesmo sucesso crítico e financeiro das elaboradas produções anteriores, eles mantinham a situação económica do estúdio estáveis. Por volta de 1947, Walt Disney achou que havia chegado a época certa de se fazer um animado nos mesmos moldes daqueles que haviam lhe trazido a fama. Esse filme seria CINDERELA.
• Walt Disney teve seu primeiro contacto com a história de Cinderela em 1922, quando sua pequena empresa de animação chamada Laugh-O-Grams produziu uma versão modernizada do conto na forma de um curta-metragem mudo. Em 1933, a história foi novamente considerada por Disney, dessa vez para ser produzida como um desenho da série Sinfonias Ingênuas (Silly Symphonies). Apesar de alguns desenhos conceituais terem sido produzidos, o curta-metragem não saiu das pranchetas. Após o lançamento de BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES em 1937, Walt tentou reviver o projecto, desta vez em forma de longa-metragem. Vários membros da equipe escreveram tratamentos começando no final dos anos 30 e, no final de 1943, Disney deu sua bênção para um “plano de acção geral” para a produção do filme, com Dick Huemer e Joe Grant como supervisores de história (e um baixo orçamento de apenas um milhão de dólares). O trabalho que se seguiu não foi além da preparação dos storyboards.
• Walt achou que a história de ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS seria um projeto melhor para representar a grande volta do seu estúdio aos longa-metragens, mas seu irmão Roy Disney achou que CINDERELA teria maior apelo com o grande público.
• Disney promoveu ao menos três encontros sobre CINDERELA em Março e Abril de 1946, mas não foi até o próximo ano que o filme começou a se fixar nos planos do estúdio. Ted Sears, Homer Brightman, e Harry Reeves escreveram um tratamento datando 24 de Março de 1947, e por volta de maio, um primeiro rascunho dos storyboards estava em processo. No começo de 1948, CINDERELA tinha tomado o lugar de ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS e estava firme na linha de produção para ser o primeiro novo longa-metragem Disney desde BAMBI.
• Um dos motivos da história de Cinderela ter sido escolhida para produção foi sua similaridade com a de Branca de Neve, uma fórmula que já havia provado ser de grande sucesso com o público anos antes. O retorno ao género do conto-de-fada também significaria um maior desafio para os artistas Disney inventarem novos ângulos para uma fábula conhecida.
• Sendo o primeiro longa-metragem verdadeiro do estúdio desde BAMBI (1942), Walt Disney acompanhou todos os estágios da produção de CINDERELA. O filme era um movimento arriscado para o estúdio, e isso significava que nenhum dinheiro poderia ser gasto em vão e que cada cena tinha que ser extremamente bem planeada antes de ser aprovada para a animação. Para evitar erros, todo o filme foi desenhado em storyboards e depois filmado com actores reais para que os artistas pudessem inspirar seu trabalho nessas gravações. Frank Thomas disse que essas filmagens “ajudavam Walt a ver o que ele estava obtendo antes de gastar seu dinheiro no filme”.
• Começando na primavera de 1948, actores eram filmados trabalhando com um playback da trilha dos diálogos, e esse filme era exibido para Disney, Wilfred Jackson disse, para “dar a ele uma noção da personalidade que nós estávamos tentando atingir nos personagens”. Essa referência em live-action se diferenciava do live-action filmado antes da guerra; seu propósito não era melhorar a animação, mas apenas controla-la e, acima de tudo, diminuir seus custos. Os animadores se sentiram altamente restritos pelos ampliados quadros fotostáticos que eles tinham que usar como guia. “Não havia nada imaginativo, nenhuma cena que começava dentro de você,” disse o animador Frank Thomas, “porque Walt tinha que encontrar um modo mais barato de fazer o filme”.
• De acordo com Marc Daves, um dos supervisores de animação do filme, cerca de 90% do filme foi filmado com actores reais antes de ser animado. Apenas as cenas com os animais não foram filmadas previamente.
• CINDERELA foi o filme mais planeado que o estúdio já havia feito. A história estava escrita em detalhes, os personagens foram desenvolvidos cuidadosamente, todos baseados na estrutura da história, e o relacionamento vilão-vítima era um dos melhores a aparecer em um filme Disney.
• Escrevendo no report anual do estúdio em 1947, Walt Disney mostrou genuíno entusiasmo por CINDERELA, expressando-o através de uma comparação com um filme anterior: “Desde BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES, eu tenho tido a vontade de fazer um desenho animado em longa-metragem que possuísse todas as qualidades de entretenimento daquele filme e tivesse o mesmo apelo mundial. Eu acho que nós temos esse filme actualmente em produção. É CINDERELA.”
• Durante parte da produção de CINDERELA, Walt Disney se encontrava na Inglaterra super visionando as filmagens de A ILHA DO TESOURO (1950). Os três directores de CINDERELA – Wilfred Jackson, Gerry Geronimi e Ham Luske – se comunicavam com Disney constantemente não via encontros no estúdio, mas sim o enviando memorando, scripts, desenhos, storyboards, e acetatos das gravações da trilha sonora; eles enviavam tal material para ele via correio quando ele ficou na Inglaterra por dois meses e meio no verão de 1949. Algumas vezes o trabalho prosseguia quando ele não respondia, e então tinha de ser desfeito quando ele finalmente respondia.
• O desafio encontrado pela equipe Disney em CINDERELA era o mesmo encontrado por eles em BRANCA DE NEVE: ter personagens secundários e sequências divertidas o bastante para cercar este conto simples e familiar. As maiores invenções nessas linhas foram os amigos animais de Cinderela: os ratos Jaque e Tatá; os passarinhos; o cachorro Bruno; e seu inimigo colectivo, Lúcifer o gato. Através do filme, as acções dos humanos e dos animais são perfeitamente integradas, com uma cena levando à outra naturalmente.
• Durante as primeiras conferências de história, Walt comentou que ter os ratinhos usando roupas poderia ser divertido. Ele também imaginou que a plateia iria achar a personagem de Cinderela mais terna se eles vissem ela abrilhantando seus dias sombrios fazendo roupas para eles.
• Cenas e ideias descartadas durante a produção incluem:
- Uma versão diferente da cena da lição de música, incluindo um professor de música que acabou cortado do filme.
- Uma sequência musical com a canção “Cinderella Work Song”, na qual Cinderela se lamenta sobre suas intermináveis tarefas e sonha que ela poderia se dividir em várias Cinderelas a fim de terminar seu trabalho a tempo de ir para o baile.
- Um número musical diferente para cena do baile. Aproveitando uma ideia descartada de BRANCA DE NEVE, “Dancing on a Cloud” mostraria Cinderela e o Príncipe imaginar estarem dançando nas nuvens. O conceito do casal dançando nas nuvens apenas seria utilizado em A BELA ADORMECIDA (1959).
- Alguns conceitos foram descartados para fazer o filme o mais diferente possível de BRANCA DE NEVE, como introduzir o Príncipe no começo do filme e contar a história de Cinderela através dos olhos dos animais.
• Foi um dos três únicos filmes em que todos os Nine Old Men (os nove animadores principais do estúdio) trabalharam juntos. Os outros dois foram ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS (1951) e PETER PAN (1953).
• Ao contrário de Branca de Neve, Cinderela é uma heroína mais decidida e disposta a correr atrás de seus objectivos. Quando informada sobre o baile, ela faz questão de lembrar que também é parte da família e que tem tanto direito de ir quanto suas meias-irmãs.
• Ilene Woods venceu exactamente 309 garotas para o papel de Cinderela, depois que algumas canções demo do filme interpretadas por ela foram apresentadas a Walt Disney. Ilene não tinha nem ideia que estava sendo testada para o papel até Walt contrata-la; ela inicialmente apenas gravou as canções a pedido de alguns amigos compositores, que as enviaram para Walt sem avisa-la.
• A animação da heroína Cinderela ficou a cargo do animador Marc Daves, que também viria a trabalhar em outras personagens femininas da Disney como Wendy de PETER PAN (1953) e a Princesa Aurora de A BELA ADORMECIDA (1959).
• A actriz Helene Stanley serviu como modelo real para a animação de Cinderela. Ela teria a mesma função alguns anos mais tarde, posando como a Princesa Aurora de A BELA ADORMECIDA (1959) e Anita Radcliff de 101 DÁLMATAS (1961).
• O animador Frank Thomas, que ajudou a trazer a Sra. Tremaine à vida, comentou que ela foi uma das personagens mais realistas que ele já tinha feito. Sua vilania subta e elegante devia um monte à Eleanor Audley, a actriz que fazia a voz da personagem e actuava como seu modelo. Essa vilã tinha que ser “real” nas mentes dos espectadores porque Cinderela era tratada de modo tão realístico. O Rei, o Duque e até mesmo a Fada Madrinha eram desenhados de maneira mais cartunesca que lhes permitiam maior gama de movimentos e caricatura. Para a madrasta ser mais sinistra, ela tinha que ser mais súbta em sua atuação, que restringia o modo que ela era desenhada, mas se enquadrava bem à personagem.
• Uma das características mais interessantes da relação entre Cinderela e a madrasta é que a Sra. Tremaine é a única vilã a viver ao lado de sua vítima dia-a-dia. A Rainha de BRANCA DE NEVE apenas assistia a acção da janela e nunca era vista com a heroína. Já a madrasta fazia a maior parte de seu trabalho sujo diante dos olhos de Cinderela, o que dava aos animadores a oportunidade de mostrar reacções na face da protagonista às crueldades, a rejeição, o cinismo, o ódio e as mentiras.
• Eleanor Audley foi a voz da Sra. Tremaine em CINDERELA. Ela voltaria a emprestar sua voz para uma vilã Disney em A BELA ADORMECIDA (1959), quando interpretou Malévola, a rainha de todo o mal.
• O animador Ward Kimball disse que achou a inspiração para o gato Lúcifer no próprio quintal. “Um gato gordo, grande e preguiçoso” que se aproveitava de qualquer chance para fazer todo o mundo se acomodar a seus pés. Ward imediatamente viu maior entretenimento em um mimado e desumano desordeiro do que num gato comum com fome de ratos.
• Para ajudar a animar a carruagem de Cinderela em perspectiva, um modelo tridimensional da mesma foi construída.
• Mary Blair trabalhou como uma artista de conceitos de arte nos estúdios Disney para filmes animados e live-action entre 1939 e 1953. Walt admirava seu ousado senso de design e seu imaginativo uso de cor. Mary Blair foi fundamental na tarefa de definir a aproximação visual dos cenários, personagens e cores de CINDERELA.
• Uma das decisões artísticas foi que todos os cenários, interiores ou exteriores, deveriam ser desenhados de forma exagerada, como pode ser visto nas portas e janelas da mansão da família Tremaine.
• CINDERELA foi o primeiro filme tradicional do estúdio no qual Walt procurou fora do time de compositores do estúdio por uma completa trilha de canções. Al Hoffman, Mack David, e Jerry Livingston acabaram sendo os responsáveis pela cativante trilha sonora.
• Diversas canções foram cortadas do filme final. Estas incluem:
- “I’m In The Middle Of a Muddle”
- “I Lost My Heart At The Ball”
- “The Mouse Song”: cantada pelos ratinhos
- “The Dress My Mother Wore”: cantada por Cinderela, sobre o vestido que era de sua mãe
- “Sing a Little, Dream a Little”
- “Dancing On a Cloud”: uma versão diferente da música do baile, em que Cinderela sonha dançar nas núvens
- “The Face I See In The Night”
• As canções de CINDERELA foram as primeiras partituras de música lançadas pela então recentemente criada Walt Disney Music Company.
• De acordo com Ilene Woods, que fez a voz de Cinderela, foi Walt Disney que sugeriu as harmonias em camadas durante o número musical “Sing Sweet Nightengale”. Ela acha que pode ter sido a primeira vez que algo do tipo foi tentado.
• Com CINDERELA Disney esperava retornar aos longas animados em uma base anual, uma agenda que ele descobriu que poderia manter, mas por apenas um curto período de tempo. Realmente, o filme foi divulgado com tendo estado “seis anos em produçao”, embora muito desse tempo foi ocupado por ideias e discussões preliminares.
• Walt Disney uma vez disse que a animação favorita produzida por seus artistas era a de Cinderela recebendo seu vestido de baile.
• Tanto em CINDERELA quanto A BELA ADORMECIDA, os amigos da personagem principal a presenteiam com um vestido de baile gritando “Surpresa! Surpresa! Surpresa! Feliz aniversário!”
• Quando Cinderela está cantando “Sing Sweet Nightengale”, três bolhas formam a cabeça e as orelhas de Mickey Mouse.
• Comparações com BRANCA DE NEVE eram inevitáveis, e o pessoal da Disney decidiu que era uma associação saudável. A cópia de divulgação principal começava: “Não desde BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES um filme como esse…”
• Quando CINDERELA foi lançado nos cinemas em 1950, o público respondeu a ele como não havia respondido a nenhum animado Disney desde BAMBI, indo assistir o filme em tamanhos números que ele se tornou não apenas um dos mais rentáveis do ano, mas o maior sucesso da Disney em muitos anos, lucrando mais de $4 milhões no lançamento original.
• O grande sucesso de CINDERELA não apenas significou a produção de outros longas-metragens animados, mas também a sobrevivência dos estúdios Disney.
• CINDERELA manteve sua popularidade em seus diversos re-lançamentos nos cinemas através dos anos, se tornando um dos filmes mais rentáveis de todos os tempos. O lançamento no Natal de 1981, por exemplo, lucrou $17 milhões domesticamente, superando muitos blockbusters dos estúdios concorrentes. O filme foi re-lançado nos cinemas em 1957, 1965, 1973, 1981 e 1987, levando mais de 75 milhões de espectadores e lucrando mais de $350 milhões de dólares ajustados pela inflação.
• No Brasil, o filme já teve diversos títulos alternativos durante os anos. Quando lançado originalmente nos cinemas, era chamado de A GATA BORRALHEIRA. No lançamento em vídeo no início dos anos 90, o título foi mudado para CINDERELA: A GATA BORRALHEIRA. Em lançamentos posteriores, o filme passou a ser chamado apenas de CINDERELA, apesar do título traduzido no filme ainda dizer A GATA BORRALHEIRA.
• Os ratinhos Jaque e Tatá foram utilizados como personagens nos quadrinhos Disney, vivendo na fazenda da Vovó Donalda. Nas HQs, Jaque era chamado de Zezé.
• Desde sua volta aos cofres da Disney após o lançamento em vídeo em 1995, CINDERELA se tornou o título mais requisitado do estúdio, batendo até mesmo clássicos como BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES, A BELA E A FERA e O REI LEÃO. • Uma continuação de baixo orçamento foi lançada diretamente para o vídeo em 2002, chamada CINDERELA II: OS SONHOS SE REALIZAM.
• CINDERELA foi indicado aos Oscar de Melhor Canção (“Bibbidi-Bobbidi-Boo”) e Melhor Trilha Sonora.
Fonte:animatoons
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